E vieram dizer-nos que não havia jantar.
Como se não houvesse outras fomes
e outros alimentos.
Como se a cidade não nos servisse o seu pão
de nuvens.
Não, hoteleiro, nosso repasto é interior
e só pretendemos a mesa.
Comeríamos a mesa, se no-lo ordenassem as Escrituras.
Tudo se come, tudo se comunica,
tudo, no coração, é ceia.
"Duas faces tem, pois, a palavra literária e são elas que permitem ao leitor uma escolha. No texto literário autor e leitor se somam e uma terceira obra, que jamais será editada, se manifesta. A literatura, por dar a voz ao leitor, concorre para a sua autonomia. Outorga-lhe o direito de escolher o seu próprio destino. Por ser assim, a leitura literária cria uma relação de delicadeza entre homens e mulheres." Bartolomeu Campos Queirós
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Reflexão sobre o teatro
"O teatro é isso: reproduz o gênero humano por isso torna-se abominável para olhos moralistas, assim como a cópula e o espelho." Jorge Luís Borges
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Noturno do Morro do Encanto
Este fundo de hotel é um fim de mundo!
Aqui é que o silêncio tem voz. O encanto
Que deu nome a este morro, põe no fundo
De cada coisa o seu cativo canto.
Ouço o tempo, segundo por segundo,
Urdir a lenta eternidade. Enquanto
Fátima ao pó de estrelas sitibundo
Lança misericórdia do seu manto.
Teu nome é uma lembrança tão antiga,
Que não tem som nem cor, e eu, miserando,
Não sei mais como ouvir, nem como o diga.
Falta a morte chegar... Ela me espia
Neste instante talvez, mal suspeitando
Que já morri quando o que eu fui morria.
Aqui é que o silêncio tem voz. O encanto
Que deu nome a este morro, põe no fundo
De cada coisa o seu cativo canto.
Ouço o tempo, segundo por segundo,
Urdir a lenta eternidade. Enquanto
Fátima ao pó de estrelas sitibundo
Lança misericórdia do seu manto.
Teu nome é uma lembrança tão antiga,
Que não tem som nem cor, e eu, miserando,
Não sei mais como ouvir, nem como o diga.
Falta a morte chegar... Ela me espia
Neste instante talvez, mal suspeitando
Que já morri quando o que eu fui morria.
Manuel Bandeira
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